sexta-feira, 8 de junho de 2012

Dois, três, quatro... Até.

Dia de chuva, um cigarro aceso e todas as lembranças que afetam o coração, deixando de acelerar por não ter mais sua voz dentro dos meus ouvidos. Quando eu terei paz? Para dizer que os dias de chuva serão apenas torrentes?
O barulho das gotas em meu telhado traduzem o tamanho do meu sofrimento. Sons altos que molestam o melhor em mim... Eu agi por ruptura, fui afugentando minhas lágrimas dentro de um pote velho que fica designado a nunca ser aberto.
Chorar seria a forma mais certa de desembargar tudo, mas meu lado obsessivo de força, não permite que eu seja avesso aquilo que eu não me permito causar. Nem a  mim, muito menos a outras pessoas.
Vou cantando remorsos de mim, nesse barulho que tem cheiro de plantação nova.
Quem se deita-rá na minha cama para me abraçar e dizer que eu sou incrível? Quem são os palhaços que vão invadir meu picadeiro?
Nunca consegui encontrar neste mar, porto. E neste vinho tinto que eu bebo, esparramo pelo papel para se confundir com as minhas ideias bêbadas e meus versos difusos. Vou me confundindo com poesia, vou me alimentando de letras, vou escarrando pedaços obscuros que estão se desmontando.
Que estranho nesse barulhar, eu confundir minhas dores físicas! Meu corpo pede um pouco de arrego. Meus mistérios pedem um pouco de paz. Minha vida pede um pouco de sono.
Mas não durmo, não me deito. Só me desencontro, no meio de tanta multidão que apenas vai me afastando. Me arrancam o amor, me sufocam, me degradam, me fazem sucumbir.
Estou elevando, pensando, entrando no meu quarto apenas para me esquecer. Mesmo sabendo que existe cheiro de nós, em tudo que seria avesso.
Uma boca, um corpo, um sexo. Dois, três, quatro... Até quando vou me satisfazer?
É necessário se deitar em outros corpos, em lençóis brancos para se ter certeza da pureza?
Vou me fazendo perguntas, vou respondendo com dramas, vou gritando meus demônios, vou guardando. Guardando? Na verdade eu fui jogando tudo pelo ralo de uma só vez.
Vou me recuperando, vou me dissolvendo, vou me diluindo. Vou cantar uma voz, vou ser um só. Para que depois, no final do dia me sobrem apenas as relíquias de ser paz.

Raphael Ventreschi.

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