quarta-feira, 30 de maio de 2012

Carta de uma mulher apaixonada, fim.

Depois que ele foi embora, ficou um rastro de mágoa dentro do meu coração. Como se eu tivesse me tornado onipotente para amar. Fui embarcando na minha própria frustração, fui embargando minhas lágrimas sujas. Não sei se pelo lado embaraçoso de não poder me apaixonar. Ou se realmente eu caí na rede cruel de não ser mais amada. O amor vai se tornando um caminho desiludido e cruel. Vai passando as horas do dia, e eu fico me perguntando quando o telefone tocará outra vez, para que acelere as batidas do meu coração. Fomos destinados a criminalizar juntos, a inventar novas histórias e a provar... Mas onde ficou toda a verdade que sempre dissemos que iria existir? Qual foi o ingrediente a mais que colocamos na nossa receita, para não vingar? Minhas lágrimas mancham meu diário, que tortura o meu melhor. Melhor que você construiu junto comigo, posicionou no lugar mais apropriado da minha alma. Alma essa que você beijou e disse ser apaixonado. Corpo esse que pertenceu, e logo menos você disse nunca mais, ou não disse, não houve tempo. Seria normal este gosto amargo que eu sinto por saber que não exista nada mais doce que sua paixão? Posso esperar por mais quantas horas, para não arrancar as minhas próprias arestas de orgulho e correr para você, com o mesmo carinho que eu sempre ofereci. Para quais oceanos você irá mergulhar?
Como eu ficarei aqui, sabendo que distante de mim tem a grande parte que me fez acreditar, em tudo que era inacreditável, que montou toda a estrutura que eu acreditara ser fiel. Onde está você agora? Que não chega. Você não vem, você não apareceu. Você nem ligou, dizendo mais uma vez adeus.
Estou pensando ainda, em como, onde, para que eu pequei tanto, para ser tão castigada. O meu corpo está frio, o meu coração bate lento.
Estou olhando para a fotografia suja que sobrou, depois dos baldes de tinta que joguei em todas as nossas memórias. Estou ficando passiva a esperar que a dor continue, afogada numa esperança de que ela nunca acabará. Agora eu vejo que a claridade que habitava na lúdica escuridão da minha vida era você. E os interpretes perfeitos da minha canção, era você quem regia. Com maestria, de um maestro único.
Frascos de perfume, cartas rasgadas no meio do piso manchado de cor azul, alguns pedaços do porta retrato de oito anos atrás, quando ainda éramos dois adolescentes inocentes. Onde estará você agora, que não aperta minha mão? E me faz deliciar com um delicado sorriso de permissão... Seus abraços gelados pelo seu corpo que sempre me esquentou.
Quem inventou o fim? O que eu faço com a paciência de não saber esperar?
Meus dias estão mais longos. Na verdade não entendo quanto tempo se passou. Mas eu não durmo, nem me alimento. Para que? Depois de você, ficou apenas a saudade de um bloco que ninguém irá cumprir, nem mesmo outro melhor ou quase igual amor. Não existirá! E fica a fúnebre sensação de nunca mais, e carregue contigo todo o meu amor para a eternidade.

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