terça-feira, 4 de novembro de 2014

Amor.

Quem o disse, mentiu desde o início.
Quando menino ele acreditava naquela metáfora criada pelos adultos de que o amor acontece para todo mundo. Acontece? Quando é que pretensiosamente perdemos o encanto em acreditar?
- O Amor menino!
- Você me disse que era normal.
- E você acreditou por ser imbecil!
Sim os problemas estão nas novelas, aqueles beijos povoados de sabores salgados que podemos sentir sentados do sofá da sala. Francamente, os novos livros que tratam de pessoas que se gostam no processo pós morte, morte, até que a morte nos separe.
O problema sou eu, não eles!
- O amor menino!
- Qual amor?
- Não o de tua mãe para  contigo, outro.
Procuraram nos esconderijos mais escondidos , nos lugares  mais atrevidos. Onde está, quem é ele? Um valsa bem dançada num embalo de sábado, após bons drinques e uma conversa? Clichê pensar que abrir a porta do carro, um jantar a luz de velas é inadequado?
O tempo passou e o amor é o que? Uma administração pública, cheia de regras, estigmas e dinheiro?
O que é o amor perguntei, não obtive resposta... O eco que fora de lá para cá, trouxe uns punhados de lágrimas dilacerado com alguma coisa que ainda não sei dizer o nome.
Era amor? Um filme desses outros que já vi na TV, disseram-me que o amor é melhor... Melhor que o que?
- Homem o amor!
- Sim... O amor!
- Encontraste?

Silêncio.

Após uma vida inteira correndo pelos corredores, o menino parou de andar, parou de falar, parou de querer, parou de sonhar. O menino desceu da árvore, comeu fruto podre, comeu comida farta, ganhou presente no natal, ovo na páscoa, beijo de boa noite, carinho de vó, medo de escuro, avanço pelo estudo. O menino, pulou corda, assistiu tv, corrompeu seu corpo, amou. O homem amou, amou, amou, amou... E durante algumas décadas depois de seus silêncios, o amor veio e lhe apresentou outra perspectiva: Não era amor, era alguma coisa parecida com benevolência e piedade.
- E agora?
- Ainda não aconteceu!

Confuso? Ama-me, ou corrompa-me, porém o faça!
Depois de homem um jantar sem velas e portas abetas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário